Entre o incenso dos véus crepusculares
Que envolvem, no poente, a serrania,
Padre Sol, ajoelhado ante os altares,
Reza a longa oração da nostalgia.
Paira uma unção litúrgica nos ares…
Na Catedral da Tarde, erma e vazia,
Ressoam de repente os seculares
Sinos de bronze, lamentando o dia.
Ó sinos! Quando em dobres de tristeza
Fazeis tremer as lajes da cidade,
Os profetas de pedra, com certeza,
Despertando de um sono sem idade,
Hão de falar aos homens da grandeza
De Deus, e sua eterna majestade!
Soares da Cunha
Academia Mineira de Letras
Belo Horizonte