O poeta e trovador Soares da Cunha revela em suas criações um permanente encantamento com tudo que a vida lhe ofereceu: suas belezas, seus caprichos e também sua luminosidade. Mas se espantou, temeroso, com seus interregnos e contradições. A vida (e não a morte – um dos temas que tanto o inspirava), foi seu permanente e vital impulso poético.

Oswaldo Soares da Cunha inquieto diante da oposição e dos contrastes das coisas da natureza, traduziu em suas criações os melhores aforismos, desvendando, não raro, conhecimentos de grande sabedoria.

Encontraremos pois, nas próximas páginas desse site, um cultor exímio do ritmo das palavras e da forma, em perfeita cadência, trazendo à superfície a profunda visão da realidade humana.

COMO AS GAIVOTAS

Quem me dera vagar pelos espaços,Livre do peso morto da matéria,Depois de ter, enfim, rompido os laçosQue unem ao corpo nossa essência etérea. Como as gaivotas, que não deixam traçosEm sua infinda trajetória aérea,Deslizar e fugir sem embaraçosPelo vazio da amplidão sidérea… E após a noite escura desta vida,Que atravessamos de alma confrangida,À espera da… Continuar lendo COMO AS GAIVOTAS

OURO PRETO

Entre o incenso dos véus crepuscularesQue envolvem, no poente, a serrania,Padre Sol, ajoelhado ante os altares,Reza a longa oração da nostalgia. Paira uma unção litúrgica nos ares…Na Catedral da Tarde, erma e vazia,Ressoam de repente os secularesSinos de bronze, lamentando o dia. Ó sinos! Quando em dobres de tristezaFazeis tremer as lajes da cidade,Os profetas… Continuar lendo OURO PRETO