Quem me dera vagar pelos espaços,
Livre do peso morto da matéria,
Depois de ter, enfim, rompido os laços
Que unem ao corpo nossa essência etérea.
Como as gaivotas, que não deixam traços
Em sua infinda trajetória aérea,
Deslizar e fugir sem embaraços
Pelo vazio da amplidão sidérea…
E após a noite escura desta vida,
Que atravessamos de alma confrangida,
À espera da sublime claridade,
Ver despontar, dos cimos do Oriente,
O sol, hóstia de luz resplandecente,
Que se ergue sobre o mar da eternidade!
Soares da Cunha
Academia Mineira de Letras
Belo Horizonte